PUBLICIDADE

Mudanças no trânsito param as avenidas do Centro


No Bingen, trânsito muito lento durante todo o dia. Os engarrafamentos começaram ainda na terça-feira, com o fechamento da Avenida Presidente Kennedy. / Anderson França
O início da 22ª Bauernfest, que termina no dia 3 de julho, influenciou para que o trânsito nas principais vias de acesso ao Centro Histórico quase parasse ontem. As obras na Rua Treze de Maio, por causa de um buraco na pista que deixou o tráfego em sistema pare e siga, o asfaltamento da Estrada União e Indústria e a interdição da ponte que liga a rodovia à Estrada da Saudade provocaram longos engarrafamentos ontem por toda a cidade. Na Avenida Barão do Rio Branco, o problema começou cedo. A população que optou pela passagem por Cascatinha também ficou presa no congestionamento que se formou  no local. Um trajeto que poderia ser feito em 15 minutos demorou mais de uma hora.
Os moradores do Bingen foram os mais prejudicados. O fechamento da Avenida Piabanha para a utilização do espaço durante a festa do colono alemão fez com que o percurso, que normalmente é feito em 30 minutos, demorasse mais duas horas, já que o único acesso ao Centro é pela Rua Montecaseros. Pela manhã, o engarrafamento chegava à altura de um supermercado na Rua Bingen, o que piorou ainda mais no fim da tarde, quando o congestionamento começou próximo à Fábrica Werner. Quem buscou acesso alternativo passando pelo bairro Quitandinha também encontrou problemas, já que as ruas Coronel  Veiga e Washington Luis não suportaram o aumento no movimento, formando um longo engarrafamento.
O taxista Vagner Jorge Veiga conta que por causa da demora de quase duas horas em chegar ao Centro, uma corrida que custa R$ 13 a partir do Bingen ultrapassa os R$ 20, e ressalta que se os engarrafamentos permanecerem será mais vantajoso deixar o carro estacionado e não atender mais aos passageiros. “Apesar da corrida sair mais cara, o desgaste do carro, principalmente da embreagem e caixa de marchas, além do combustível, é tão grande que não compensa financeiramente, é mais vantajoso deixar o carro parado. A impressão é de que o trânsito da cidade vai parar e ninguém mais vai conseguir andar de carro. Hoje (ontem) de manhã uma corrida que custaria R$ 6 do mercado ao Hospital Santa Teresa dobrou de preço porque demorou muito. No final, deu R$ 13 e o passageiro ainda fica insatisfeito”, falou.
Durante o dia, os motoristas que partiram do bairro em direção ao Centro Histórico buscaram vias alternativas como o acesso pela Vila Militar e Mosela, no entanto, após as 18h, o acesso pelo quartel do Exército é fechado e o tráfego na Rua Mosela também ficou congestionado. “A prefeitura monta a Bauernfest sem se preocupar com o quanto atrapalha a população. Deveriam manter a festa que é tradicional, mas em um espaço onde só as pessoas interessadas tivessem acesso a ela. A população sai do trabalho cansada, com vontade de chegar em casa para descansar, e ainda tem que passar pelo estresse de ficar duas horas dentro do carro ou ônibus. Estamos demorando mais de um bairro para o outro do que se fôssemos para outras cidades como o Rio de Janeiro”, disse o motorista Bruno Luis.
Além do estresse causado aos motoristas e usuários do transporte público, os longos engarrafamentos estão afetando os comerciantes do Bingen. “Está impossível sair com o caminhão da garagem para fazer as entregas pelos bairros do município e estou tendo prejuízos por isso. Não posso assumir o compromisso porque não sei se vai dar tempo por causa do engarrafamento. A prefeitura deveria ter deixado como nos últimos anos e não interditar a Avenida Piabanha, que é o principal acesso para a Rua Treze de Maio, Avenida Barão do Rio Branco e Estrada União e Indústria”, afirmou Jorge Lisboa, proprietário de uma loja de materiais de construção.

Defensora entrou com representação no MP

A defensora pública Andrea Carius de Sá protocolou junto ao Ministério Público uma representação para que seja verificado se Petrópolis ainda pode comportar festas de rua da proporção da Bauernfest. “Eu, como cidadã, quero saber se a cidade ainda pode comportar festas de rua com o Poder Público agindo dessa maneira infeliz. Os cidadãos não podem ser submetidos a tamanho descaso, caso o motivo tenha sido realmente a festa. Planejamentos devem ser feitos pelas autoridades para evitar tais fatos, e não é fechando ruas e fazendo obras durante o dia que resolverão problemas”, disse, em nota, a defensora.
A Companhia Petropolitana de Trânsito e Transporte (CPTrans) informou que diversas equipes da companhia em conjunto com a Guarda Municipal estão nas ruas para atuar na sinalização das vias, em função da Bauernfest. Vias alternativas também estão sendo sinalizadas a partir do pórtico do Quitandinha, Ponte Fones (com placas indicativas para Rua Teresa e Centro), bem como as saídas do bairro Bingen, com utilização da Vila Militar até o Valparaíso.

Vereador pede que a população seja ouvida

O vereador Samir Yarak (PSC) cobrou do governo municipal uma solução para o trânsito na cidade, chegando a sugerir que se fizesse um plebiscito para saber se a  Bauernfest deve ou não ser realizada na Rua Alfredo Pachá. “Normalmente, o trânsito no Centro é caótico, mas com a festa alemã fica pior, e trechos em que era fácil passar hoje estão congestionados”, comentou o vereador.
Para o vereador, é preciso ouvir a população para saber se vale a pena todo o sacrifício no trânsito por causa da  Bauernfest, sugerindo que ela fosse realizada no Parque de Itaipava. “É uma tradição de Petrópolis, mas não pode atrapalhar o ir e vir das pessoas, causando um transtorno para quem sai de casa para trabalhar e deseja retornar o mais rápido possível no final do dia”.
Na avaliação do vereador Samir, qualquer obra na cidade precisa ter um bom planejamento, e citou a obra de revitalização da Rua Teresa, que ao iniciar pode congestionar o centro da cidade. Ao participar da audiência pública sobre Petrópolis na Copa do Mundo, promovida pela Câmara na noite de terça-feira, o vereador levantou a discussão sobre a mobilidade na cidade.
Para ele, todo investimento no esporte da cidade é muito bom, mas frisou que “Petrópolis para receber uma delegação estrangeira ou brasileira, precisa dar uma solução para o trânsito e o transporte”. Para ele, qualquer um que chega em Petrópolis hoje, seja pelo Quitandinha ou pelo Bingen, tem dificuldade de chegar ao Centro e, “em determinados dias, demora mais tempo para chegar na Rua do Imperador do que vir do Rio a Petrópolis”.
MARIANNY MESQUITA
Redação Tribuna
 
RETIRADO DE: TRIBUNA DE PETRÓPOLIS
WWW.E-TRIBUNA.COM.BR

Comentários